Museus durante o “apocalipse”: como desenvolver empatia e se conectar com seus públicos
Este é um texto de autoria de Andrea Jones, consultora norte-americana da área de museus. A versão original (“Empathetic Audience Engagement During The Apocalypse”) foi publicada em seu site Peak Experience Lab no dia 25/03/2020. Desde que li este texto, pensei que seria muito útil para os museus e para outras organizações culturais no Brasil, sobretudo aquelas que ainda estão em busca de formas de se conectar com seus públicos e reafirmar sua relevância. Agradeço a Andrea, que gentilmente autorizou a tradução e publicação para o público brasileiro durante a Semana dos Museus.
Obs: Os comentários entre parênteses e precedidos de * são meus.
Lista de Conteúdos:
Parte 1- Você primeiro, depois os públicos: deixando de lado nossas identidades pré-vírus
Parte 2- A nova fronteira: O que significa se adaptar e sobreviver
Parte 3- Inspiração para experimentação: exemplos e ideias concretas
Parte 1 — Você primeiro, depois os públicos: Deixando de lado nossas identidades pré-vírus
Em março, no espaço de uma única semana, nossas vidas foram viradas de cabeça para baixo. Suspeito que a data do verdadeiro impacto do Coronavirus na vida diária foi diferente para todos, mas meu último dia “normal” foi quarta-feira, 11 de março, quando facilitei um workshop no President Lincoln’s Cottage (*antiga casa de campo do ex-presidente americano Abraham Lincoln, hoje transformada em um espaço cultural). E agora parece que vivemos em outra dimensão. O campo dos museus, em particular, tem lidado com um desafio inédito e incômodo: como podemos permanecer relevantes se as pessoas não podem nos visitar?
Embora eu tenha lidado com muito estresse na última semana, estou encontrando apoio e um pouco de perspectiva graças a um projeto recente e a meu foco geral no conceito de empatia.
No outono passado, escrevi um plano interpretativo para uma exposição de história no Museu Mattatuck (*em Waterbury, no estado norte-americano de Connecticut). A pergunta essencial que norteava a exposição era “como as grandes mudanças da vida afetam quem somos?”. A exposição usaria relatos da história de Waterbury para iluminar um dos padrões humanos mais universais: transições de vida. Como guia, estamos usando um livro best-seller chamado “Transitions: Making Sense of Life’s Changes” (*“Transições: Dando sentido às mudanças da vida”, sem edição em Português), de William Bridges, que discorre sobre os processos que todos passamos quando perdemos um emprego, começamos um novo relacionamento, temos um bebê, mudamos de casa, saímos do armário, etc. O livro nos incentiva a reconhecer que essas mudanças afetam nossas identidades (ex: “Quem sou eu agora que não sou casado com a pessoa X? Quem sou eu agora que tenho um novo país para chamar de lar?”).
Neste momento atual, passamos por uma transição épica, que altera a vida em um curto espaço de tempo. Nós estávamos trabalhando para museus que coletivamente recebiam milhões de visitantes por ano.
Quem somos nós, agora que não temos visitantes?
O autor, William Bridges, descreve 3 estágios pelos quais devemos passar para ter uma transição emocionalmente saudável.
1. Finalizações: dizer adeus aos velhos hábitos, padrões, estilo de vida.
2. A Zona Neutra: um espaço liminar cheio de incertezas, mas também de exploração criativa de diferentes identidades (Honestamente, é um estágio que parece tudo menos neutro. Esta etapa realmente precisa de um novo nome!).
3. Começos: o início de um novo conjunto de padrões que combinam com o seu “novo eu” — uma verdadeira mudança de identidade.
Os profissionais de museus e de organizações da cultura em geral não escolheram essa transição, o que torna ainda mais difícil. Precisamos de tempo para lamentar essa perda de normalidade. Sério, dedique um tempo para reconhecer e honrar o que foi perdido. Este é o primeiro estágio.
Independentemente do tempo que essa pandemia durar, inevitavelmente mudará o campo dos museus de maneira monumental. Se os museus adotarem a abordagem “vamos nos recolher e esperar isso tudo passar”, eles serão menos propensos a emergir com as novas identidades saudáveis que precisarão em um mundo pós-pandemia.
Em março, por exemplo, você ainda celebrou o mês das mulheres usando o mesmo plano de mídia social que você tinha “antes?”
A guru das mídias sociais do Instituto Smithsonian, Erin Blasco, escreveu em março uma thread muito persuasiva e honesta no Twitter sobre a necessidade de aceitar a nova paisagem que nos foi imposta. Pode ser que ela tenha respondido a colegas que ainda estão em negação. Ou ela pode ter dado a si mesma alguns conselhos. Seja qual for o caso, às vezes é preciso um empurrãozinho gentil para colocar as pessoas no caminho da evolução. E o primeiro passo é dizer adeus ao velho mundo pré-vírus, o primeiro estágio de Bridge: finalizações.
Então, como você pode facilitar os “finais” e ajudar sua equipe a dizer adeus aos velhos hábitos de fluxo de trabalho, às descrições de posições antigas (somos todos gerentes de mídia social agora!) e às velhas formas de pensar sobre os públicos? No início de cada reunião da equipe, você poderia verificar e perguntar “de quais expectativas de ‘normalidade’ você se desapegou hoje? Que tal fazer um brinde para cada uma delas?”.
Os profissionais de museus estão passando pelos três estágios de Bridges, assim como os visitantes das suas instituições. Como você pode ajudá-los a fazer uma transição saudável, também? Uma maneira de iniciar o processo de “finalização” é identificar e remover as evidências da “Identidade Zumbi” do seu museu, ou seja, algumas iniciativas de engajamento com os públicos que agora são completamente irrelevantes.
Agora, cada programa, cada exibição e cada anúncio que seu museu planejou deve ser visto através dos olhos de uma sociedade que lida com o coronavírus. Pense nisso com empatia. Como membro do público, como é olhar para a versão atual do seu site ou seu calendário de eventos irrelevante, dadas as circunstâncias?
O projeto The Empathetic Museum (O Museu Empático), iniciativa de um grupo de profissionais de diversas instituições, tem um nome para as “mensagens poderosas que os museus transmitem através de manifestações não ditas e não escritas de seu ser”. Eles chamam isso de “linguagem corporal institucional”. A ideia é que um museu pode frequentemente agir como uma pessoa, que comunica seus verdadeiros sentimentos e valores através de pistas implícitas. Você já teve uma conversa com alguém que afirma estar ouvindo, mas que realmente fala mais sobre si do que ouve o que você tem a dizer? As atitudes falam mais que as palavras.
Este é o momento perfeito para se perguntar: o que sua “linguagem corporal institucional” comunica sobre os valores do seu museu e sua capacidade de compaixão neste momento crítico?
Fazer esse tipo de trabalho de “limpeza” ou “auditoria” também pode ser saudável para as equipes. Isso pode ajudá-las a fazer uma transição saudável, dizendo adeus a projetos que planejaram e nos quais investiram muito tempo.
Embora eu queira que todos nós aceitemos e lidemos com a mudança, também quero reconhecer o quão difícil é para todos fazê-lo rapidamente. Estamos lidando com muita coisa agora: cuidado com crianças, ansiedade, angústias causadas pelo confinamento e ameaça de demissões. Então, coloque-se num caminho e num ritmo de mudança que pareça certo para você, mas tente fazer progressos constantes.
Parte 2 — A Nova Fronteira: O que significa se adaptar e sobreviver
Entre os museus que estão passando por uma transição saudável, acho que vamos ver uma evolução das iniciativas de engajamento com públicos que refletem as etapas de transição de vida descritas no livro de Bridges (veja acima). Os museus que passarão pela Era da Quarentena serão os que entenderão as necessidades emocionais de seus públicos, enquanto buscam se manter financeiramente estáveis.
Fase 1: Finalizações
Museus oferecem atividades que eles já têm e que podem ser úteis agora. (Ex: atividades educativas, cursos online, visitas e exposições virtuais previamente desenvolvidas). Nesta fase, os museus ainda não deixaram totalmente de lado suas identidades anteriores, mas estão no processo de dizer adeus aos velhos costumes.
Bom! Faça o que puder para ser proativo a curto prazo. Você não pode criar produtos dinâmicos da noite para o dia quando está tentando manter sua própria cabeça acima da água. Você está preocupado com demissões e sobrevivência financeira. Mas com o passar do tempo, haverá muito conteúdo online. Como um amigo meu disse recentemente: “Tudo o que nos resta é internet e natureza.” E realmente, você não quer passar o seu dia na internet. Os programas que você planejou para um formato presencial não funcionam online. Já existem muitas ações educativas que pais podem usar com seus filhos. Diversas visitas virtuais. (*E uma profusão de lives!) Coloque-se no lugar dos seus públicos. É difícil saber por onde começar. E eles estão ficando cansados de suas telas.
Na onda de conteúdo reembalado, as pessoas precisam saber por que as coisas que você está oferecendo atendem às suas necessidades particulares — suas novas necessidades.
Estamos acostumados a classificar o público com base em coisas como demografia, geografia ou interesses, ou pensar em suas necessidades de aprendizagem ou suas necessidades recreativas.
No entanto, ser relevante para o público na Era da Quarentena significa atender às suas necessidades emocionais.
A maioria das mensagens de museus que vejo online reconhece os tempos difíceis que estamos enfrentando. Mas “difícil” pode ser diferente para todos. E francamente, apesar de tudo, há algumas pessoas que estão realmente se sentindo muito bem neste momento (*Vale ressaltar que o texto foi escrito nas primeiras semanas de pandemia, no início do confinamento e antes da escalada da doença. Acho difícil que alguém esteja realmente bem atualmente, mas de fato a forma de encarar esse período de confinamento é diferente para cada um). Antes da epidemia acontecer, uma amiga minha estava passando por uma espécie de crise de meia-idade e tendo dificuldades em trabalhar todos os dias. Agora ela está aproveitando a chance de dar um passo atrás, para explorar interesses e respirar. Estamos todos experimentando esse tempo de forma diferente.
Como um exercício de reflexão, comecei a pensar em uma lista de novos segmentos de público baseados em necessidades emocionais. Pedi aos amigos no Facebook para participarem da lista.
Por exemplo:
· Pessoas que estão entediadas, à deriva, em busca de auto-conhecimento ou aperfeiçoamento;
· Pessoas solitárias;
· Pessoas que estão se sentindo inadequadas como educadores de seus filhos;
· Pessoas que precisam de alívio da ansiedade;
· Pessoas que estão experimentando luto, perda da normalidade ou pela perda de um ente querido devido ao coronavírus.
Vários dos meus pensadores favoritos do mundo dos museus contribuíram para uma lista mais longa, disponível neste link (*apenas em inglês). Considere este um kit inicial de empatia com seus públicos ou como um catalisador para pensar sobre públicos de forma diferente.
Estágio 2: A Zona Neutra (ou Período Experimental)
Os museus deixarão a fase de “finalizações” e reconhecerão que suas identidades devem mudar, mas não têm certeza de qual será a nova identidade. Eles começarão a experimentar novos tipos de programas. Eles podem reembalar conteúdos antigos, mas com um novo propósito construído especialmente para as novas necessidades emocionais e às vezes físicas das pessoas. Muitos se tornarão mais experientes e produzirão conteúdo completamente inéditos e novas maneiras de engajamento. Algumas dessas idéias funcionam, outras não. Mas planos estratégicos antigos não se aplicam mais. Os papéis mudam. É confuso e assustador. Mas para alguns, é excitante e libertador.
Este é o palco em que alguns museus estão agora. Eles adotaram a mentalidade “Menos Preparação, Mais Presença”. Eles sabem que suas comunidades precisam deles. E eles precisam de suas comunidades. Assim, eles aprendem a existir no modo “piloto” e estão abertos a cometer erros. (Este é um dos princípios fundamentais da chamada “estratégia emergente” de Adrienne Maree Brown). Os funcionários dos museus também prestam atenção ao autocuidado e às suas limitações humanas, pois continuam a conviver com o desconforto de um lado e o zelo por um novo propósito elevado por outro.
Encontrar esse novo propósito elevado e descobrir maneiras de adaptar sua missão a novos meios é um exercício de auto-reflexão para uma organização. O que há no coração pulsante de sua missão?
Um artigo recente do jornal The Washington Post explorou as maneiras pelas quais as igrejas estão fazendo uma reflexão poderosa para determinar como atender às necessidades espirituais de suas congregações. Estas são grandes questões de reflexão para os também museus explorarem. Há partes centrais das identidades de nossas organizações que permanecerão verdadeiras. Mas os museus que suportarão essa provação serão os que mais refletem como precisam mudar e se adaptar às novas circunstâncias.
Fase 3: Inícios
Museus que sobreviverem surgirão com conexões mais profundas com seus públicos e comunidades. Eles têm um senso de propósito bem definido e testado em batalha que os torna mais fortes do que nunca, mas também fortalece aqueles que servem. Eles se tornaram mais emocionalmente inteligentes e responsivos. Eles se tornaram bons ouvintes. Seu museu será um deles?
Não sabemos que tipo de sociedade teremos quando tudo isso acabar. É assustador. Estou com medo. Mas, honestamente, as coisas não têm sido boas na América (*assim como no Brasil) ultimamente. Estamos polarizados politicamente, a diferença de renda está aumentando, a rede de segurança social desapareceu, e o meio ambiente está à beira de danos irreversíveis. Essa crise poderia catalisar o tipo de mudança sísmica que precisamos? Poderia “extrair o veneno” e nos trazer mudanças duradouras?
“Este pode ser exatamente o apocalipse que estávamos esperando”, explica a ativista baseada em Washington Aja Taylor. Apocalipse. Com raízes nas palavras gregas “apo”, que significa “des” e “kaluptein”, que significa “encobrir”, o apocalipse é geralmente considerado como algo aterrorizante e negativo. Como um marco final. Mas… e se o apocalipse fosse de fato um fim, mas para todas as coisas que realmente precisávamos terminar?
Parte 3 — Inspiração para experimentação: Exemplos e Ideias Concretas
À medida que os museus se aventuram no Estágio 2, um tempo de experimentação, eles podem estar procurando ideias e inspiração. O que não precisamos é de mais listas de recursos sem algum controle de qualidade. Há cada vez mais muitos desses e pouco tempo para classificar. Então, eu coletei algumas idéias promissoras para novas estratégias experimentais de engajamento com públicos, com ajuda de colegas, da internet e do meu próprio cérebro. Categorizei as iniciativas de acordo com alguns dos novos segmentos de audiência que discuto acima (com base nas necessidades emocionais). Continuarei a adicionar a esta lista à medida que vejo novas inovações, então volte a este artigo novamente um dia.
Pessoas que precisam de conexão social e sentir “unicidade” (estamos nisso juntos):
1.Cineclubes: Use o Netflix Party ou outras plataformas de streaming compartilhadas como Kast para hospedar um evento (ou até festa) de exibição de um filme relacionado à missão do seu museu. Convide um curador ou outro especialista participar do bate-papo e avaliar a precisão dos filmes históricos ou convide ativistas para dialogar com os espectadores depois de assistir a um documentário sobre justiça social.
2. Jogos no Twitter: A famosa designer de jogos Jane McGonigal hospeda um jogo que ela chama de “The Stay at Home Scavenger Hunt” (*uma espécie de “caça ao tesouro na sua própria casa”). O jogo tem pedidos divertidos como “Encontre o objeto, área ou canto de sua casa mais provável que seja assombrado. Poste uma descrição dele”.
3. Dança, música e alegria compartilhada: Essa é a proposta do hub online chamado “Dancing Alone Together” (Dançando sozinhos juntos): “Neste tempo sem precedentes de isolamento, Dancing Alone Together pretende ser um recurso central para o mundo da dança digital que está começando a florescer.” Eu tentei um programa chamado “Igreja da Dança” — que era puramente de dança, sem Jesus — que aconteceu num domingo, um dia propício para deixar o “espírito da dança” te envolver! E se você quiser sentir o fluxo com milhares de estranhos, sintonize o DJ DNice #ClubQuarantine às 17h (EST) no Instagram Live. Literalmente todo mundo com ritmo está lá.
4. Encontrando amigos por correspondência — papel ou e-mail: E se objetos de sua coleção ou artistas famosos do passado enviassem cartas para aqueles que precisam de algum apoio? Facilitar maneiras de pessoas solitárias se conectarem pode ser uma experiência analógica. Além disso, é divertido receber correspondência. TimeSlips é uma organização sem fins lucrativos que se concentra no envelhecimento criativo. Eles reuniram inúmeros esforços para ajudar os idosos a se sentirem menos isolados durante a quarentena. Uma delas é esta campanha de escrita de cartões postais. Eles publicaram inclusive uma lista de casas de repouso em diversos locais dos EUA com idosos que adorariam receber mensagens.
5. Oficinas Virtuais Terapêuticas: As pessoas empáticas do President Lincoln’s Cottage planejaram uma oficina virtual que visa ajudar o público a “encontrar força e conforto em nossa humanidade comum”. Este evento, marcado para 7 de abril, foi liderado por um instrutor certificado em Treinamento de Cultivo de Compaixão. Adoro a maneira como eles encontraram maneiras de unir nossas circunstâncias atuais com sua própria missão: “Descobrimos que as mesmas coisas que nos tornam vulneráveis também são o que tornam possível nossa sobrevivência e florescimento como indivíduos, comunidades, uma nação e o mundo. Abraham Lincoln modelou isso várias vezes, expandindo sua compreensão e compaixão em resposta ao sofrimento pessoal e global. Por sua vez, sua habilidade de ver e abraçar a humanidade de todos — de amigo a um escravo ou inimigo — mudou ele e o mundo.”
6. Combinando conteúdo histórico com os tempos atuais: Estamos todos percebendo os bons sentimentos que a “unicidade” pode trazer à medida que todos nós enfrentamos quarentena. Mas você poderia ampliar esse sentimento ainda mais conectando as emoções que estamos tendo hoje com emoções que as pessoas tiveram no passado. O exemplo acima mostrou como o President Lincoln’s Cottage encontrou algumas conexões pungentes entre as incertezas da guerra e a crise atual. Que conexões você pode encontrar?
Pessoas que estão entediadas, se sentem à deriva, sentem-se loucas ou estão procurando crescimento pessoal.
Nota: Esta categoria vai ficar cada vez mais lotada à medida que todos na terra colocam conteúdo para lidar com o tédio geral. Não cometa o erro de pensar que seu conteúdo, que pode ter sido difícil de tornar interessante antes, agora é de repente interessante. Torne seu conteúdo único e relevante para diferentes públicos em casa como famílias com crianças entediadas, pessoas procurando aprender novas habilidades que os ajudarão durante esse tempo, etc.
1.Atividades infantis: O autor Mo Willems está arrasando com seus vídeos de “Lunch Doodles” para crianças criativas. Seu comportamento gentil e o reconhecimento desses tempos difíceis se misturam bem com lições simples de criatividade. Também gostei muito do primeiro episódio da nova série de vídeos do Spy Museum “Spy From Home” — que é montada por Jackie Eyl, diretora de educação, em sua própria casa! As atividades são divertidas e utilizam materiais comuns de formas completamente novas. Vários museus têm agido à moda antiga e criado kits com materiais artísticos e atividades pedagógicas que os pais podem buscar. Educadores de toda a internet têm relatado uma demanda insaciável por isso! Rebecca Shulman, Peoria Playhouse, escreveu recentemente um post no blog sobre popularidade de seus kits. Suspeito que os pais estão gostando da oportunidade de sair de casa para pegar os kits, bem como planejar atividades que não precisam de telas digitais com seus filhos.
2. Aprendendo novas habilidades: Estou adorando o movimento #TimetoMend (#HoradeConsertar) do Museu do Clima. Está tão conectado à sua missão de desacelerar as mudanças climáticas e melhorar o bem-estar das pessoas em quarentena ao mesmo tempo. Se seu museu tem um foco histórico, pense em que tipos de habilidades “perdidas” poderiam beneficiar nossas novas vidas de isolamento e conservação. Não muito diferente do velho estilo de vida agrário, hein??
Falando em habilidades, o que seu museu faz internamente que poderia ser aplicável nesses tempos? Que tal ajudar famílias e indivíduos a documentar o efeito da pandemia em sua própria casa através de objetos e exposições em casa? Sendo uma pessoa de museus, eu estive pensando sobre que tipo de objetos representam todo esse capítulo na minha vida. É realmente histórico. Donna Sack, do Naper Settlement, está atualmente planejando uma iniciativa para pedir aos membros da comunidade que façam o diário através de sua experiência e façam alguma “coleta rápida de respostas” para documentar suas experiências durante a pandemia. Eles gostariam que este projeto evoluísse para exposições com curadoria da comunidade. Aliás, você sabia que criar exposições com curadoria comunitária de objetos relacionados à perda pode realmente ajudar as pessoas a se curarem de maneiras significativas? Confira a série de posts da Dra. Breda Cowan sobre sua pesquisa sobre objetos, cura e bem-estar.
3. Tempo em família: O Presidente Lincoln e sua família jogavam para aliviar a tensão durante a Guerra Civil. Então o Presidente Lincoln’s Cottage organizou uma noite semanal de jogos em família no Zoom. O primeiro esgotou em algumas horas (eles tentam manter um limite no número de participantes para que a sala de zoom não fique muito indisciplinada). Os jogadores foram convidados a completar desafios com pedaços de papel, um chapéu e uma colher. E então projetar seu próprio jogo com apenas esses objetos. A chave era silenciar os jogadores durante as instruções e, em seguida, abrir os microfones durante o jogo para a máxima diversão social. Eles fizeram ainda uma parceria com a Game Genius para facilitar as atividades da noite e planejam fazer deste um evento regular.
Pessoas que se sentem fora de controle nestas circunstâncias atuais e gostariam de se voluntariar, prestar serviço ou fazer a diferença
- Artesanato por uma causa: Como todos sabemos, máscaras de proteção são perigosamente escassas. Os americanos fizeram suas próprias máscaras durante a epidemia de gripe de 1981 e nós também podemos! (*Quando o texto foi escrito, ainda não havia a recomendação de confecção e uso de máscaras artesanais, mas a ideia é ainda mais pertinente agora.)
2. Museus prestando serviços: Eu acho que o Old Salem Museum and Gardens, localizado no estado da Carolina do Norte, não está permitindo que os visitantes ajudem com a jardinagem, mas eu amo como eles estão remodelando seu serviço e transformando seus jardins em hortas e apoiando bancos de alimentos locais. O Museu da Indústria de Baltimore acaba de anunciar que seu estacionamento será usado como um local de teste de Corona vírus. Embora esses esforços possam não parecer “engajamento com o público”, em última análise, eles ajudarão as pessoas a ver que seu museu está pondo seus valores em prática. Certifique-se de documentar essas histórias e ajudar o público a ver a conexão com a sua missão.
3. Arte e ativismo: O Center for Artistic Activism (Centro de Ativismo Artístico ) está advogando pelo uso da criatividade para lutar pelas mudanças que precisamos durante essa crise. Esta obra na Macedônia, chamada “Keep Away”, lembra os cidadãos de seguir as recomendações do departamento de saúde. Mas ao anunciar o projeto, eles fizeram uma nota especial informando que “nenhum contato direto entre os membros do grupo [foi feito] durante a elaboração desta ação, trabalhamos em fases e sequencialmente. Cada artista trabalhou em um palco diferente para evitar o contato direto, mas também para provar que, embora seja difícil, não é impossível fazer as coisas dessa maneira.”
Pessoas que precisam de alívio do estresse através do humor, diversão e novidade.
1.Teatro Imersivo: O Majestic Theatre levou suas apresentações ao Instagram Live. No domingo, assisti ao “Dial S for Salvation” (Disque ‘S’ para Salvação) — uma experiência estranha e interessante em que um ator interpretando um padre recebia telefonemas da plateia para absolvê-los de seus pecados. Situado em 1960, quando um tornado se aproximava, o reverendo alegava que todos evitaríamos o desastre se nos arrependessemos agora! O feed de comentários da plateia foi bem hilário. Semana que vem eu comprei ingressos para uma experiência de texto ao vivo chamada “Amor no Tempo do Corona”. Estou ansiosa para ver como as mensagens funcionam como um meio de performance. Se eu puder passar menos tempo no meu computador, estou disposta a tentar isso.
2. Humor: Eu seria negligente se não mencionasse o genial perfil de “Tim, o Guarda de Segurança”, que está tuitando em nome do Museu Nacional do Cowboy, localizado em Oklahoma. Aparentemente o único que sobrou no museu, Tim não é experiente em tecnologia (sim, sua hashtag é #hashtagthecowboy). Mas ele representa o sentimento “tudo ao mesmo tempo” que temos agora. Faça o que puder com as habilidades que você tem. Vamos superar isso juntos, cowboy.
Pessoas que precisam processar luto ou perda.
1.Memoriais: Esta obra de arte memorial “508” foi criada para marcar as mortes devido à crise dos opioides em Seattle. Mas esse tipo de arte pública poderia facilmente ser iniciada por museus de arte à medida que o número de mortos aumenta. Destaque do Centro de Ativismo Artístico.
2. Perda da normalidade: Com o passar do tempo, as pessoas terão bebês, celebrarão aniversários e cancelarão seus planos de verão — tudo durante a quarentena. E se em vez de dizer aos nossos públicos: “Levante a cabeça! Isso vai passar!” tentássemos encontrar maneiras de honrar essas perdas, ajudar as pessoas a processá-las e recalibrar?
Se quiser acesso a uma série de outros recursos sobre como os museus estão lidando com a COVID-19, confira esta pasta compartilhada: Museus e COVID19 (em inglês).
Também uma ótima ferramenta é o “Modelo de Maturidade” do The Empathetic Museum, uma matriz que pode ajudá-lo a avaliar a postura geral do seu museu como uma instituição empática usando características como “Agilidade e Sustentabilidade” (respondendo a eventos como este), “Ressonância Comunitária”, dentre outros.
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Para acessar diversos outros recursos digitais da área de museus e gestão cultural, baixe gratuitamente o Guia de Recursos “Qualidade para a Cultura” em www.qualityforculture.org/pt
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Andrea Jones é uma consultora independente e designer de experiências que trabalha com museus para reinventar narrativas e métodos interpretativos de forma a criar maior relevância para o público. Ela mora em Washington, D.C.
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