Antirracismo & Organizações culturais

Beth Ponte
13 min readJun 30, 2020

Como o movimento #BlackLivesMatter e seus desdobramentos podem acelerar mudanças estruturais no setor cultural.

Ainda que tardias, as mudanças são necessárias. (Mural na Universidade Estadual da Bahia — Uneb, em Salvador.)

Como em muitos outros momentos da história, existem imagens que capturam o espírito de um tempo. Se eu pudesse eleger uma imagem recente para este momento seria sem dúvida esta foto com dezenas de manifestantes mascarados jogando a estátua de Edward Colston, comerciante de escravos, nas águas do porto de Bristol, no Reino Unido, no último dia 7 de junho.

Manifestantes jogam a estátua de Edward Colston no porto de Bristol(Foto: Ben Birchall_PA Wire)

Como bem definiu Darren Walker, a pandemia de coronavirus colidiu com outra — a antiga, global e persistente pandemia de racismo. Nas últimas semanas, mesmo em meio à crise de COVID-19 em diversos países, milhares de pessoas foram às ruas para reafirmar que #BlackLivesMatter / #VidasNegrasImportam. Agora as manifestações que tomaram as ruas avançam com força dentro de muitas instituições artísticas, que serão forçadas a refletir de que lado estão quando o assunto é equidade racial (e não apenas).

Seu post no Instagram não é o suficiente

O “efeito Bristol” se espalha rapidamente. No dia 22 de junho, o Museu Americano de História Natural, em Nova Iorque, anunciou que retirará a estátua de Theodore Roosevelt em sua entrada, por reconhecer que ela simboliza e glorifica a expansão colonial e a discriminação racial. Em São Paulo já se debate se a estátua do bandeirante Borba Gato, no Bairro de Santo Amaro, deveria ser retirada.

No final de junho, um post de Keith Christiansen, presidente do departamento de pintura europeia do Metropolitan Museum (MET), também em NY, provocou polêmica ao afirmar que “os monumentos devem ser protegidos contra “fanáticos”, o que levou funcionários a acusar o museu de promover “uma cultura de racismo sistêmico”, fazendo-o se retratar da postagem.

Também no final de junho, o Hamburg Ballet sofreu críticas ao postar em sua página no Facebook o vídeo “No to Racism” com seus dançarinos. No vídeo a companhia alemã afirma que “defende a diversidade e a pluralidade cultural, a justiça e a equidade”, mas não explica por que nenhum de seus bailarinos é negro ou negra. Outras pessoas também criticaram as cartas de solidariedade e lacônicas telas pretas postadas nos feeds de várias instituições.

“Embora seja encorajador ver o museu reconhecer a urgência dessa questão global de direitos humanos, mais precisa ser feito.” É o que diz a curadora Rea McNamara ao explicar, em um texto dirigido aos diretores do Gardiner Museum, em Toronto (Canadá), porque “sua carta de apoio ao #BlackLivesMatters não é o suficiente”. Em seu relato ela menciona diversos episódios durante seus três anos como gestora de programas e que evidenciam a diferença entre a teoria e a prática quando se trata de equidade e antirracismo no âmbito das organizações.

A obra “Tired of Waiting” (“Cansado de esperar.”), de Sam Durant foi inspirada em um poster da marcha pelos direitos civis nos EUA em 1963. (Hamburg Kunstverein/ Sammlung Falckenberg Hamburg)

É o que também pensam mais de 300 colaboradores, ex-funcionários e apoiadores de algumas das maiores organizações culturais de NY (dentre elas o MET, a Metropolitan Opera, o MOMA e o Guggenheim Museum). Eles criaram em junho a coalisão #ForTheCulture que pretende “denunciar casos de má conduta institucional e de supremacia branca existentes dentro de instituições culturais”. A carta publicada por eles é direta:

“Escrevemos para informá-los que não aceitaremos mais o silenciamento forçado quando reclamarmos da falta de comprometimento com o bem-estar dos funcionários negros/pardos e nem as respostas paternalistas e redutoras que recebemos às denúncias de bullying ou hostilidade no local de trabalho, práticas injustas, remuneração desigual, falta de crescimento, etc. (…) O tempo para a discussão já passou, enquanto vocês se recusam a se envolver em qualquer diálogo significativo. Agora é hora de ação.”

O normal que não era normal

A notícia da reabertura do Museu do Louvre, prevista para 6 de julho, foi destaque no New York Times, que publicou uma entrevista com seu diretor Jean-Luc Martinez. Na entrevista ele defende uma ideia parecida com a do polêmico curador do MET, ao afirmar que “destruir estátuas e obras de arte é algo que acontece em ditaduras”. No entanto o que mais me surpreendeu foi a sua inabalável descrença em relação às transformações em curso. “Ao contrário do que algumas pessoas pensam, o mundo depois do coronavirus não será tão diferente do mundo de antes,” afirma ele ao final da entrevista.

Acredito que sua afirmação é mais profunda do que parece à primeira leitura. Afinal, seu museu tem uma previsão de queda de 80% de seus visitantes nos próximos meses e deverá seguir estritos protocolos de segurança por tempo indeterminado. O que talvez ele e muitos outros partilhem é a crença que o sonhado pós-pandemia reestabelecerá o que Joao Fernandes e Marcelo Araújo chamaram de “o normal que não era normal”. O anormal não cabe apenas a museus mas a muitas das grandes instituições culturais no mundo, que se encontravam:

“integradas numa sociedade dinamizada pelo crescimento vertiginoso da desigualdade social, (…) perpetua(ndo) as relações de trabalho injustas reconhecíveis nessa sociedade, (…) nem sempre respeitando a paridade de gênero nas suas hierarquias e reservando sempre os graus mais baixos dos seus organogramas e dos seus postos de trabalho para as gentes mais discriminadas social, racial e economicamente na sociedade que representam.”

Ao contrário do Sr. Martinez eu acredito que muitas mudanças já estavam em curso e espero que muitas coisas continuem mudando no mundo e no setor cultural, seja por causa ou apesar da pandemia que estamos vivendo. O que vemos agora, através da força e da urgência do #BlackLivesMatter é a possibilidade de um movimento em cascata. Afinal, quando falamos de justiça social de forma ampla, todas as causas se encontram.

No caminho da mudança, todas as causas se encontram

Manifestação do movimento “Decolonize this Place” (Decolonize este lugar) na frente do MET, em Nova Iorque, em 2018. (Foto: Erik McGregor_Getty Images)

Tudo acontece ao mesmo tempo e organizações culturais consolidadas são empurradas rumo a um necessário, ainda que tardio, processo de autoavaliação e de mudanças. Mas na realidade a pandemia de COVID-19 acelera algumas transformações que não começaram agora.

Antes das estátuas de imperialistas e comerciantes de escravos caírem, os museus já começaram a ser questionados sobre o repatriamento de obras de arte e patrimônios culturais de ex-colônias e populações originárias. Suas narrativas e seu posicionamento curatorial também passaram a ser objeto de pressão pública, e o termo “decolonização” passou a estar cada vez mais presente no contexto dos museus — a exemplo das diversas ações do movimento Decolonize this place (Decolonize este lugar) ou do projeto MASS Action (Museum as Site for Social Action), com o objetivo de alinhar museus a práticas mais equitativas e inclusivas.

As práticas financeiras e de gestão das instituições também não estão fora do escrutínio. Em 2019, o Whitney Museum, em Nova Iorque, reconhecido por seu perfil progressista, foi alvo de protestos dos funcionários e da classe artística após a revelação de que o vice presidente do seu conselho de administração, Warren Kanders, era sócio de uma empresa de armamentos e gás lacrimogêneo usados nas operações contra imigrantes na fronteira mexicana. O escândalo acabou levando à sua renúncia e acendendo um debate sobre a relação de dependência entre as grandes instituições culturais norte-americanas e as grandes fortunas do país. Em maio deste ano, ex-funcionários do Museu Afro Brasil publicaram uma carta aberta apontando má conduta da organização na gestão da crise do COVID-19, ao demitir 23 dos 80 funcionários — em sua maioria negros e negras — “sem apresentar nenhuma proposta sobre redução de salário, de carga horária ou de suspensão de contrato, ou mesmo abrir um canal de negociação para tratar do tema com os trabalhadores.”

Em 2018 e 2019, profissionais do Reino Unido e dos EUA criaram movimentos (Fair Museum Jobs e Arts + Museum Transparency) exigindo mais transparência nas políticas salariais de museus. E ações como o movimento Gender Equity in Museus (Equidade de Gênero em Museus) e os inúmeros desdobramentos do movimento #MeToo na indústria do entretenimento ajudaram colocar as questões de gênero na pauta de instituições culturais em todo o mundo.

O setor orquestral também sente os ventos da mudança. Em 2019, a BBC declarou que passaria a adotar o equilíbrio de gênero em todos os novos comissionamentos de peças musicais contemporâneas a partir desde ano. E nos EUA, onde de acordo dados da Liga das Orquestras Americanas, menos de 2% dos músicos e 4,3% dos condutores de orquestras no país são negros, o mundo orquestral começa a se perguntar porque ainda continua tão branco.

Mudar é difícil, mas é possível

Enfrentando a crise da pandemia e suas consequências, podemos pensar que a sociedade — e o setor cultural — já tem muito o que fazer. Mas as crises não escolhem prioridades. Mesmo que o setor cultural tenha avançado em suas pautas, ainda há muito a fazer. E muitos cansados de esperar.

No contexto da polêmica recente, o presidente do MET, Daniel Weiss reconheceu que o museu “avançou muito devagar na construção de uma instituição que reflete mais honestamente as comunidades que servimos ou que honra nossas aspirações”. Mas de acordo com os organizadores do #ForTheCulture avançar devagar não é mais o bastante:

“A resposta repetida de “temos muito trabalho a fazer”, associada à falta de qualquer mudança real, não pode mais ser considerada um fracasso, mas um insulto. (…) Não precisamos de mais pesquisas, grupos de afinidade, painéis ou comitês e outras tentativas vazias de ocultar o racismo. Precisamos que vocês reconheçam sua supremacia branca e façam o que precisa ser feito para mudar isso.”

Esta “colisão de pandemias”, mais do que qualquer outra crise, pode trazer uma chance de autocrítica e melhorias nas instituições culturais. No texto mencionado antes, Darren Walker, presidente da Ford Foundation, relembra que “tempos extraordinários requerem medidas extraordinárias” ao anunciar uma mudança inédita na gestão de seu fundo patrimonial (endowment) e o investimento de 1 bilhão de dólares para o terceiro setor e projetos de justiça social nos Estados Unidos. No papel de um líder negro dialogando com outras lideranças majoritariamente brancas, ele tem algo importante a dizer.

“Toda mudança exigirá a coragem moral para defender os direitos e a dignidade de toda vida humana. Exigirá que os privilegiados entre nós não apenas devolvam algo, mas que também renunciem a algo.”

O que Walker também nos relembra é que liderança é uma prática e não uma posição. Então para começar a mudar nossas organizações culturais, seus líderes e equipes precisam reconhecer a necessidade de transformação. Um primeiro passo é refletir como aspectos da nossa identidade — incluindo raça, classe, gênero, idade e acesso ao poder — influenciam nossas práticas, relações de trabalho e por conseguinte nossas instituições, como recomenda Jeanne Bell. E em seguida transformar a reflexão em ação.

O caminho é pra frente. (Photo by Hello I’m Nik 🎞 on Unsplash)

E as ações podem começar pequenas, mas precisam começar de algum lugar. Andrew Plumey, Diretor de Inclusão da Aliança Americana de Museus (AAM) publicou recentemente um texto (“For Museum Leaders Who Want to Do Better”) com dicas básicas, como, por exemplo, jamais soltar uma declaração pública sem antes fazer um comunicado interno para a própria instituição e conversar diretamente com membros negros e negras de suas equipes sobre como se sentem em seus locais de trabalho.

Mas as instituições podem ir muito além, inserindo o debate racial e seus contornos históricos em projetos especiais ou em toda concepção de seu planejamento anual. Temos bons exemplos no Brasil, como o Museu de Arte do Rio (MAR), num trabalho contínuo ao longo dos seus 7 anos de existência através de mostras, eventos anuais — como a Jornada de Educação e Relações Étnico-Raciais — e conteúdos de mídia. Outro exemplo recente é o projeto “Arte e Descolonização” do Museu de Arte de São Paulo (MASP) com em parceria com o Centro de Pesquisa Afterall.

Ações como essas pavimentam o caminho para as mudanças estruturais que são realmente necessárias. No dia 19 de junho (quando se celebra o Juneteenth, o dia da abolição da escravidão nos EUA 1865) a New York Philharmonic publicou um “compromisso de mudança”, no qual reconhece que tem “muito a aprender sobre a história do racismo em nossa nação historicamente” e afirma que implementará “programas para ampliar as vozes de artistas, compositores e da comunidade negra.” Eles reconhecem que esse é será um processo longo, mas que começará imediatamente e que envolverá da programação ao emprego, à governança, à performance, à educação e às parcerias comunitárias.

Todos concordamos que, no contexto atual, um compromisso público é muito mais importante que uma carta de solidariedade ou uma nota de repúdio, não? No final desse texto apresento uma lista com alguns exemplos de recursos e materiais para quem quer aprender e fazer mais.

Mudar a perspectiva e construir de dentro

No meu último texto (Reabertura Cultural além dos protocolos), fiz uma provocação sobre a chance do setor cultural se inovar agora que estávamos todos “presos fora da caixa”. Mas eventualmente voltaremos às caixas (aos nossos museus, teatros e organizações) e elas tem que ser diferentes do que eram — porque o mundo será diferente do que foi.

Assim, finalizo esse texto por onde comecei: pelo poder das imagens e pelo espírito do tempo. Os acontecimentos dessa semana me fizeram lembrar uma imagem que vi naquele que foi meu penúltimo dia no mundo pré-pandemia, no início de março. O texto sobre uma colagem diz: “Mude a perspectiva e construa de dentro”.

Arumã | Estúdio Criativo (https://www.instagram.com/estudioaruma/)

As grandes mudanças podem ser até pressionadas por forças externas, mas se operam é de dentro para fora. Não ser racista nunca foi e não é mais o bastante. Precisamos de organizações antirracistas no discurso e na prática se queremos combater o racismo e outras formas de desigualdade. Vamos continuar mudando nossa perspectiva e revendo nossos monumentos, nossas narrativas, nossas práticas e nossas organizações. Não apenas em novembro. Não apenas enquanto durar a pandemia. Mudar nao será fácil, mas acho que não teremos volta. Ainda bem.

10 RECURSOS (+1 BÔNUS) PARA RECONHECER OS DESAFIOS E INSPIRAR AS MUDANÇAS

Para quem quer se inspirar e agir, segue uma lista com alguns recursos (em Português, Espanhol e Inglês) e exemplos diversos para repensar e transformar o setor cultural.

Você pode encontrar muitos outros materiais no meu Guia de Recursos “Qualidade para a Cultura” (http://www.qualityforculture.org/pt).

1) O artigo “Artivismo curatorial — Como descolonizar museus?”, de Victor Hugo Barreto para o Torus Time Lab, é uma boa introdução para quem quer entender como os museus fazem parte do pensamento colonial.

2) Por que os museus estão devolvendo tesouros culturais? é um TED Talk com Chip Colwell — Arqueólogo e curador. “O repatriamento é agora uma característica permanente do mundo dos museus. Não representa o fim dos museus, mas a chance de um novo começo.”

3) Confira o debate “Novos Valores Culturais: Museus e Culturas pela Regeneração”, realizado pelo ColaborAmérica em 2018 com a participação de Marz Saffore, coordenadora do “Decolonize this place”, e de Lucimara Letelier, criadora do movimento Museu Vivo.

4) O 5º episódio do podcast “Negra Voz”, do jornalista do O Globo Tiago Rogero, lançado em 2019, fala sobre racismo institucional em companhias de dança através das histórias de três gerações de bailarinas no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.

5) Como o museu pode desenvolver capacidades que contribuam para viver em uma sociedade melhor? Esse e muitos outros temas foram debatidos na edição 2019 do evento internacional El museo reimaginado” (O Museu Reimaginado), realizado em Oaxaca, no México. Todas as discussões (em espanhol e inglês) estão disponíveis no canal do Youtube da Fundación Typa, realizadora do projeto.

6) O Museu Nacional de História e Cultura Afro-Americana do Smithsonian lançou em junho o Talking About Race (Falando sobre raça), um novo portal on-line projetado para ajudar indivíduos, famílias e comunidades a falar sobre racismo, identidade racial e a maneira como essas forças moldam todos os aspectos da sociedade, da economia e da política norte-americanas.

7) O movimento MASS Action produziu em 2017 um guia abrangente que descreve a teoria e as ferramentas práticas para criar maior equidade no campo dos museus.

8) O “Culture Change Guide” é um toolkit do Arts Council da Inglaterra com estudos de caso e exemplos de melhores práticas para organizações mais diversas, oferecendo orientações sobre como recrutar e apoiar talentos e como capturar e utilizar dados de diversidade.

9) Role Models and Leaders in the Performing Arts: How to find one, be one and make a difference” (Modelos e líderes nas artes cênicas: como encontrar um, ser um e fazer a diferença) é um guia de bolso, que mostra como pessoas negras, asiáticas ou pertencentes a outras minorias étnicas em posição de liderança podem ajudar a desafiar e mudar o status quo e dá dicas de como procurar futuros líderes e aprender com eles.

10) O toolkit “Socio-Economic Diversity and Inclusion in the Arts: A Toolkit for Employers” (Diversidade socioeconômica e inclusão nas artes: um conjunto de ferramentas para empregadores), produzido por Jerwood Arts tem como objetivo abordar a “crise de classe” no setor cultural.

+1 BÔNUS (Mais materiais em Português para enriquecer a discussão)

-“Descolonizar os museus: isto na prática…?” foi um seminário realizado em março de 2019 pela Acesso Cultura, associação portuguesa dirigida por Maria Vlachou, sobre as práticas do Tropenmuseum (Amsterdam) e o caso português. O registro está disponivel em vídeo e podcast na página do projeto. Vale destacar que Vlachou também publica muitas reflexões interessantes sobre decolonização e antirracismo em seu blog “Musing on Culture”.

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Beth Ponte é gestora cultural, pesquisadora e consultora. É autora do projeto Qualidade para a Cultura, membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Organizações Sociais da Cultura (ABRAOSC) e do Observatório de Economia Criativa da Bahia (OBEC-BA). De 2010 a 2018, foi Diretora Institucional do Programa NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia) e, até 2019, foi German Chancellor Fellow da Fundação Alexander von Humboldt, na Alemanha.

www.qualityforculture.org/pt >> info@qualityforculture.org

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Beth Ponte

Gestão cultural com propósito // Arts management with purpose www.qualityforculture.org (PT/EN)